domingo, 4 de junho de 2017

ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM OU PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (1)

São o conjunto de atividades sistematicamente organizadas e que têm por objetivo propiciar ao aluno uma aprendizagem eficaz, contribuindo para o seu aperfeiçoamento individual e/ou grupal" (SANTANNA & MENEGOLLA, 1991).

AULA EXPOSITIVA

Trata-se de uma técnica que a maioria absoluta dos professores do ensino superior usa frequentemente. Como toda e qualquer técnica, sua escolha deverá se orientar pelos critérios básicos de seleção: adequação ao objetivo de aprendizagem pretendido e eficiência para colaborar na consecução deste.
Em geral, os professores a usam para transmitir e explicar informações aos alunos. Estes têm unia atitude de ouvir, anotar, por vezes perguntar, mas, em geral, de absorvê-las para reproduzir futuramente. Essa atitude do aluno, em geral, o coloca em uma situação passiva de receber e em condição que em muito favorece a apatia, a desatenção e o desinteresse pelo assunto.
Por tais razões, vale a pena recordar que a aula expositiva pode responder a três objetivos: abrir um tema de estudo; fazer uma síntese após o estudo do assunto procurando reunir os pontos mais significativos; estabelecer comunicações que tragam atualidade ao tema ou explicações necessárias.
Abrir um tema de estudo: por vezes é importante que, ao se iniciar um tema, o professor apresente um cenário bem amplo em que se coloca a importância, a atualidade do estudo a ser feito, bem como suas relações com outros assuntos, matérias do curso, com o exercício profissional. Essa preleção pode servir para motivar os alunos ao estudo do rema, dar vida a um conteúdo que pode parecer frio e desinteressante e orientar a realização do estudo propriamente dito do tema, para o que se utilizará de outras técnicas, por exemplo: atividades de grupo ou individuais, de pesquisa ou de leituras etc.
Fazer uma síntese do assunto estudado. Quando um estudo é realizado por diversos grupos, ou é resultado de contato com especialistas, ou apresenta vários aspectos que precisam ser considerados, mas que de alguma forma se perderam durante uma discussão ou um debate, ou não ficaram suficientemente claros, é interessante uma aula expositiva para recuperar esses aspectos de uma forma sintética. Mas observe-se: não se trata de repetir todas as informações estudadas, mas de fazer uma síntese conclusiva sobre o tema. Isso demandará um tempo de 20 minutos mais ou menos; será interessante porque os alunos já dominam o assunto, bem como possibilitará ver a síntese feita pelo professor.
Estabelecer comunicações que tragam atualidade ao tema ou explicações necessárias. O professor pode expor recentes descobertas, ou novas teorias, atualizando o conhecimento existente nos livros-texto ou em publicações acessíveis ao aluno. Pela preleção, o professor pode transmitir ao aluno explicações sobre os pontos difíceis, ressaltar aqueles mais importantes e sintetizar informações de difícil acesso aos alunos, ou colhidas em fontes diversas, tais como pesquisas, jornais, revistas etc.
Por que descartei dos objetivos da aula expositiva a transmissão cotidiana e contínua de informações ao aluno? Por uma razão: as informações básicas e fundamentais para a aprendizagem do aluno, em geral, encontram-se em fontes acessíveis a ele: livros-texto, livros e revistas em bibliotecas. Se o aluno for incentivado a buscar as informações, ele conhecerá a biblioteca, aprenderá a fazer uso dela, a buscar informações, o que lhe será útil para o resto de sua vida; aprenderá a ler e compreender o que os autores escrevem e resolver as dúvidas; ou mesmo aprenderá a ler livros de sua área; desenvolverá mais o raciocínio e a capacidade de pensar e trazer sua contribuição. Aprenderá a ser mais ativo em seu processo de aprendizagem e a valorizar mais o encontro com o professor e seus colegas, uma vez que tais encontros se tornarão essenciais para a compreensão total do assunto. Para incentivar o aluno a buscar informações, há que se trabalhar de forma diferente com a leitura fora de aula e o uso de técnicas dinâmicas em aula, como veremos adiante.
No entanto, quando o professor for usar a aula expositiva como técnica, é preciso que se lembre de algumas medidas indispensáveis para prepará-la e ministrá-la.
Na preparação da aula expositiva:
Ter claro o objetivo da aula, conforme explicamos acima;
Planejar a sequência em que fará a explanação, para garantir que haja clareza e sequência nas ideias, sem cair em digressões;
Considerar que há limite de tempo, para não cansar os alunos e favorecer a divagação;
Considerar a classe para quem vai se dirigir, escolhendo linguagem, exemplos etc., de acordo com os alunos;
Preparar uma notícia de jornal ou revista atual que poderá usar em determinado momento para chamar a atenção dos alunos; um exemplo ou caso bem adaptado ao que expõe;
Perguntas para formular aos alunos durante a explanação a fim de ativar a participação ou atenção dos alunos; preparar uma piada, ou um caso hilariante para alegrar e minimizar a tensão durante a fala;
Se for usar slides ou transparências, prepará-los apenas com imagens, tabelas, gráficos ou itens indicativos e nunca com textos longos para serem lidos durante o tempo todo. Quanto a slides, calcular muito bem o número a ser usado: poucos, bem escolhidos, que ajudem na explicação ou permitam o debate e a discussão. Nunca usar um número excessivo que praticamente substitua a aula expositiva;
Preparar com antecedência os materiais e recursos necessários para a aula e verificar se, no espaço físico onde a aula será dada, há condições para o uso dos recursos. Nada mais frus­trante para o professor e para o aluno do que chegar a uma sala com tudo preparado para a aula e o recinto não se mos­trar apropriado, até por vezes pela própria iluminação natural que impede o uso de recursos audiovisuais.
Ao se dar aula expositiva propriamente dita, observar alguns pontos:
Deixar bastante claro para os alunos qual é o objetivo daquela aula;
Procurar ganhar a atenção dos alunos de início, mediante a apresentação de um problema, de uma pergunta ou de um desafio;
Considerar o ritmo da classe para tomar notas, refletir sobre o que está ouvindo, fazer perguntas, apresentar os pontos difíceis mais devagar, ou repetindo o mesmo conceito ou ideia sob diferentes formas, e, por vezes, permitir pausas rápidas para uma comunicação entre os próprios alunos;
Dirigir-se pessoalmente aos alunos, pedindo deles um feedback sobre a clareza do que está expondo, olhando-os nos olhos um a um, e para isso locomover-se pela sala, comunicar-se com os alunos;
Utilizar-se livremente de recursos auxiliares à palavra para se fazer entender ou para manter o interesse e a atenção dos alunos; mantendo-os, porém, na categoria de "recursos" e não de elementos principais;
Evitar considerar as distrações dos alunos afronta pessoal ou desrespeito; em vez disso, utilizar esses indícios para reorientar sua própria exposição: é o momento de uma pergunta à classe, ou de se comentar uma notícia de jornal, ou mesmo, de contar uma piada, ou de abrir uma janela para conseguir mais ventilação. Afinal, a aula expositiva exige do aluno uma posição passiva, nem sempre fácil de se manter.

DEBATE COM A CLASSE TODA

O objetivo principal dessa técnica é permitir ao aluno expressar-se em público, apresentando suas ideias; suas reflexões, suas experiências e vivências, ouvir os outros, dialogar, respeitar opiniões diferentes da sua, argumentar e defender suas próprias posições. Permitir ao aluno valorizar o trabalho de grupo, percebendo como a discussão entre todos e as experiências de todos são mais ricas do que as de uma só pessoa.
Há alguns pressupostos básicos para o funcionamento dessa técnica:
O professor deve dominar bem o assunto sobre o qual se dará o debate;
O tema indicado pelo professor deverá ser preparado pelos participantes do debate com leituras e pesquisas anteriores, trazendo o material preparado para a discussão;
O professor deverá garantir a participação de todos, evitando o monopólio das intervenções por parte de alguns apenas. Todos deverão ter oportunidade para fazer uso da palavra. Inclusive o próprio professor precisará se policiar para não interferir a todo instante e com grande tempo de manifestação, mesmo que seja para resolver mais rapidamente a questão apresentada. Esse comportamento pode comprometer os objetivos da própria estratégia.
Como realizar essa técnica?
O professor em data anterior ao debate escolhe um tema, sugere leituras e bibliografia básica e orienta para que se estude o assunto e se façam anotações.
No dia do debate, o professor ocupará o papel de mediador, ex­põe o tema, fixa um tempo para a atividade e abre a palavra aos participantes. Daí para a frente procurará garantir a palavra a todos para fazer comentários, apresentar questões, levantar dúvidas de compreensão do assunto, formular perguntas, complementar comentário do colega, e assim por diante. O coordenador do grupo estará atento para contornar monopolizações, trazer o grupo de volta ao tema central sempre que houver dispersões, administrar o tempo e orientar para que, ao final do debate, se possa chegar a algumas conclusões para seu fechamento e para as questões não ficarem no ar.
A técnica em geral é bem-sucedida com pequenos grupos. Apresenta maior dificuldade quando realizada com grandes grupos. Nessa situação, sugiro o emprego de outra técnica, por exem­plo, o painel integrado sobre o qual falaremos adiante.


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