sexta-feira, 9 de junho de 2017

(SANTANNA & MENEGOLLA, 1991).

GRUPO DE VERBALIZAÇÃO E GRUPO DE OBSERVAÇÃO (GVGO)

É uma técnica que permite o desenvolvimento de várias ha­bilidades, tais como: verbalizar, ouvir, observar, dialogar, trabalhar em grupo. Seu funcionamento exige que se formem dois círculos concêntricos, um menor, no centro, com no máximo cinco pessoas. Outro maior (o restante do grupo) circundando o primeiro. É uma técnica que pode ser mais bem usada com grupos de até 35 pessoas.
Convidam-se cinco voluntários para participar da atividade, e estes se sentarão no círculo do centro. A eles será dado um tema para discussão que poderá basear-se em texto indicado previamente para leitura, ou em experiências próprias. Terão 15 minutos para fazer a discussão e fechá-la, e durante esse tempo somente os cinco poderão verbalizar. Ninguém poderá intervir no debate. Deverão falar em voz bem alta para que todos ouçam. Caso terminem a discussão antes dos 15 minutos, avisarão ao professor.
Antes de começar a atividade de grupo, o professor orientará o grupo observador sobre o que deverá observar, o que depende do objetivo da estratégia. Poderá ser em relação a um conteúdo que está sendo discutido, ou sobre experiências pessoais que estão sendo tra­zidas, ou em relação a variáveis de funcionamento do próprio grupo. Poderão todos observar os mesmos aspectos ou dividir aspectos a se­rem observados por pequenos grupos de cinco ou seis alunos que es­tão no grupo de observação.
Exemplos de aspectos a serem observados: se o grupo verbalizador está usando todos os conceitos do texto lido; se há emprego ade­quado dos conceitos; se estão relacionando os novos conceitos com conceitos já aprendidos; se as experiências são semelhantes ou não; se todos os participantes têm oportunidade de falar; se o grupo pro­cura se organizar em relação à tarefa solicitada; se o grupo segue as mínimas regras de funcionamento de um grupo; e assim por diante.
Passados os 15 minutos, o grupo de verbalização passa a ser um grupo de observação e o grupo de observação passa a ser um grupo de verbalização. Inicialmente, somente o último grupo pode verbali­zar, apresentando as diferentes observações feitas e, depois, o profes­sor pode abrir para um diálogo entre os dois grupos sobre as obser­vações feitas.
Em seguida, pode-se repetir na mesma aula ou em outra a mesma técnica GVGO com outros elementos para se verificar se a aprendiza­gem das habilidades esperadas foi alcançada por outros também.

DIÁLOGOS SUCESSIVOS

Essa técnica é mais apropriada para compreender, fixar e relacionar conceitos; explicitar características de uma teoria, discutir etapas de um projeto, passos de uma pesqui­sa, cenas de um filme, aspectos de um vídeo, e assim por diante.
Como funciona? Organiza-se a classe em dois círculos concên­tricos: metade dos alunos na parte de fora, outra metade, na parte interna voltados uns para os outros (de frente um para o outro) for­mando pares. Dado um tema, os elementos de fora e de dentro têm aspectos diferentes sobre os quais vão dialogar por um espaço de três a quatro minutos. Terminado esse tempo, os elementos de dentro do círculo giram no sentido anti-horário e se encontram com um se­gundo elemento. Os elementos do lado de fora permanecem em seus lugares. No segundo encontro cada um expõe ao outro o seu as­pecto do tema e o aspecto que ouviu de seu par no momento ante­rior, e ouve o aspecto de seu novo parceiro e o que ele ouviu de seu par anterior. E assim por diante, por umas três ou quatro vezes.
O movimento leva a um conhecimento cumulativo e/ou a formas melhores de expressar a mesma ideia.
Talvez seja necessário um exemplo para explicar melhor esta técnica. Vamos supor que nosso tema fosse processo de aprendiza­gem. Quais elementos precisariam ser bem compreendidos e fixados? Conceitos de aprendizagem, de ensino, aprendizagem significa­tiva, aprendizagem continuada, aprendizagem de adultos, papel do professor. Esses assuntos já foram abordados, mas queremos fixá-los. Então, distribuem-se os conceitos aos alunos que estarão nos círcu­los e cada um falará sucintamente de seu conceito para outro colega. E o giro dos círculos se inicia, de tal forma que todos trabalharão com os aspectos de forma cumulativa.
É uma técnica que pode funcionar com turmas grandes e pe­quenas, porque os participantes dialogarão, no máximo, com quatro ou cinco colegas e cumulativamente poderão estar ouvindo até oito ou nove colegas sobre o tema.

GRUPOS DE OPOSIÇÃO

Essa técnica de modo especial é apropriada para desenvolver a capacidade de argumentar, de deba­ter, e produzir argumentos, analisar e avaliar argumentação, contra­propor argumentos, defender ou atacar determinadas posições e teo­rias, sempre baseando-se em argumentos.
Seu funcionamento supõe a organização de pelo menos dois grupos de alunos, sendo que um deles tem por tarefa defender uma ideia ou encontrar as suas vantagens, enquanto o outro deverá atacar a mesma ideia ou mostrar suas desvantagens. Eventualmente poderá se constituir um terceiro pequeno grupo que funcione como um grupo de juízes para julgar qual grupo conseguiu desempenhar me­lhor seu papel.
O assunto indicado anteriormente foi estudado por todos indi­vidualmente. Num primeiro momento, em aula, cada grupo se reú­ne para organizar seus argumentos de acordo com a tarefa que lhe cabe. Marca-se um tempo para essa atividade: 20 a 30 minutos. Terminado o prazo, o professor pede que os dois ou três grupos se coloquem na sala de tal forma que rodos vejam a todos, todos pos­sam se olhar. O professor ocupa o lugar do mediador. Inicia o debate dando a palavra a um dos grupos e a partir desse momento vale o diálogo entre os grupos. O professor não deverá entrar na discus­são do tema, mas apenas para dinamizar ou organizar a discussão quando necessário. Durante o debate, o professor poderá inverter as posições dos grupos. Visando desenvolver uma agilidade maior de argumentação, poderá pedir que o grupo que ataca uma posição pas­se a defendê-la; e o que a defende, passe a atacá-la. A intenção é ver como os alunos reagem em posições inversas.
Com essa técnica, o professor está lidando com a competição entre grupos de classe. Será preciso, então, refletir se isso será ou não prejudicial para a dinâmica da turma, tendo em vista manter um cli­ma de abertura e de cooperação dentro dela.

PEQUENOS GRUPOS PARA FORMULAR QUESTÕES

Essa técnica é uma das mais dinâmicas para ser usada em aula e agrega em si a possibilidade de desenvolver vários aspectos de aprendizagem: apro­fundamento de conhecimentos, compreensão do assunto, habilidade de trabalhar em grupo, ouvir e dialogar com colegas, aprender com colegas.
Como funciona? Uma semana antes indica-se um texto a ser lido para o próximo encontro sobre um assunto que se está estudando. A leitura, porém, deverá permitir que cada aluno traga para a aula duas ou três perguntas inteligentes: isto é, perguntas que revelem dúvi­das ou não compreensão do texto, aspectos importantes que se gosta­ria de ver estudados com mais profundidade, temas de grande atualidade. É evidente que não serão aceitas perguntas que se retirem diretamente do texto e cujas respostas aí se encontrem com facilidade.
No dia da aula, formam-se grupos com cinco alunos cada um. Durante 15 minutos, o grupo deverá ler, compreender as dez ou no má­ximo 15 perguntas e selecionar duas. Estas duas poderão ser dentre as dez ou 15, ou poderão ser duas novas formuladas pelo grupo usando sugestões das perguntas que trouxeram de casa. Essas per­guntas deverão ser escritas em uma folha de papel sulfite, com letra legível e com o nome do grupo que as formulou.
Inicia-se uma de várias rodadas: o grupo que formulou as duas perguntas, sem as responder, passa-as para o grupo mais próximo, e assim os demais grupos. Dá-se um tempo de 15 minutos para que o grupo responda por escrito as duas perguntas que recebeu. Em se­guida, as perguntas respondidas são passadas para outro grupo. Este terá dez minutos para: ler as perguntas, compreendê-las, ler as res­postas que o primeiro grupo deu e redigir agora sua resposta que poderá ser concorde com a resposta do primeiro grupo, poderá com­plementá-la, ou corrigi-la. Tudo isso sem rabiscar a resposta do primeiro grupo, mas escrevendo na mesma folha, em seguida, pas­sa-se para um terceiro e, no máximo, para um quarto grupo que fa­rão o mesmo trabalho, dentro do mesmo tempo. Terminada a roda­da, a folha com as perguntas e as respostas dos três ou quatro grupos é devolvida ao grupo original que as formulou. Este vai agora anali­sar as respostas dos grupos e, então, redigir a sua, que poderá também concordar ou não com as respostas. Por último, em plená­rio, cada grupo lê as perguntas e as respostas, permitindo esclareci­mentos possíveis, complementações por parte do professor, debate e até um comentário do professor sobre a pertinência das perguntas: foram elas de fato inteligentes? Representaram os aspectos mais importantes do texto e do tema? Se não, caberá ao professor então mostrar os pontos não trabalhados.


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