(SANTANNA & MENEGOLLA, 1991).
GRUPO DE VERBALIZAÇÃO
E GRUPO DE OBSERVAÇÃO (GVGO)
É uma técnica que permite o
desenvolvimento de várias habilidades, tais como: verbalizar, ouvir, observar,
dialogar, trabalhar em grupo. Seu funcionamento exige que se formem dois
círculos concêntricos, um menor, no centro, com no máximo cinco pessoas. Outro
maior (o restante do grupo) circundando o primeiro. É uma técnica que pode ser
mais bem usada com grupos de até 35 pessoas.
Convidam-se cinco voluntários para
participar da atividade, e estes se sentarão no círculo do centro. A eles será
dado um tema para discussão que poderá basear-se em texto indicado previamente
para leitura, ou em experiências próprias. Terão 15 minutos para fazer a
discussão e fechá-la, e durante esse tempo somente os cinco poderão verbalizar.
Ninguém poderá intervir no debate. Deverão falar em voz bem alta para que todos
ouçam. Caso terminem a discussão antes dos 15 minutos, avisarão ao professor.
Antes de começar a atividade de grupo,
o professor orientará o grupo observador sobre o que deverá observar, o que
depende do objetivo da estratégia. Poderá ser em relação a um conteúdo que está
sendo discutido, ou sobre experiências pessoais que estão sendo trazidas, ou
em relação a variáveis de funcionamento do próprio grupo. Poderão todos
observar os mesmos aspectos ou dividir aspectos a serem observados por
pequenos grupos de cinco ou seis alunos que estão no grupo de observação.
Exemplos de aspectos a serem
observados: se o grupo verbalizador está usando todos os conceitos do texto
lido; se há emprego adequado dos conceitos; se estão relacionando os novos
conceitos com conceitos já aprendidos; se as experiências são semelhantes ou
não; se todos os participantes têm oportunidade de falar; se o grupo procura
se organizar em relação à tarefa solicitada; se o grupo segue as mínimas regras
de funcionamento de um grupo; e assim por diante.
Passados os 15 minutos, o grupo de
verbalização passa a ser um grupo de observação e o grupo de observação passa a
ser um grupo de verbalização. Inicialmente, somente o último grupo pode verbalizar,
apresentando as diferentes observações feitas e, depois, o professor pode
abrir para um diálogo entre os dois grupos sobre as observações feitas.
Em seguida, pode-se repetir na mesma
aula ou em outra a mesma técnica GVGO com outros elementos para se verificar se
a aprendizagem das habilidades esperadas foi alcançada por outros também.
DIÁLOGOS SUCESSIVOS
Essa técnica é mais apropriada para
compreender, fixar e relacionar conceitos; explicitar características de uma
teoria, discutir etapas de um projeto, passos de uma pesquisa, cenas de um
filme, aspectos de um vídeo, e assim por diante.
Como funciona? Organiza-se a classe em
dois círculos concêntricos: metade dos alunos na parte de fora, outra metade,
na parte interna voltados uns para os outros (de frente um para o outro) formando
pares. Dado um tema, os elementos de fora e de dentro têm aspectos diferentes
sobre os quais vão dialogar por um espaço de três a quatro minutos. Terminado
esse tempo, os elementos de dentro do círculo giram no sentido anti-horário e
se encontram com um segundo elemento. Os elementos do lado de fora permanecem
em seus lugares. No segundo encontro cada um expõe ao outro o seu aspecto do
tema e o aspecto que ouviu de seu par no momento anterior, e ouve o aspecto de
seu novo parceiro e o que ele ouviu de seu par anterior. E assim por diante,
por umas três ou quatro vezes.
O movimento leva a um conhecimento
cumulativo e/ou a formas melhores de expressar a mesma ideia.
Talvez seja necessário um exemplo para
explicar melhor esta técnica. Vamos supor que nosso tema fosse processo de
aprendizagem. Quais elementos precisariam ser bem compreendidos e fixados?
Conceitos de aprendizagem, de ensino, aprendizagem significativa, aprendizagem
continuada, aprendizagem de adultos, papel do professor. Esses assuntos já
foram abordados, mas queremos fixá-los. Então, distribuem-se os conceitos aos
alunos que estarão nos círculos e cada um falará sucintamente de seu conceito
para outro colega. E o giro dos círculos se inicia, de tal forma que todos
trabalharão com os aspectos de forma cumulativa.
É uma técnica que pode funcionar com
turmas grandes e pequenas, porque os participantes dialogarão, no máximo, com
quatro ou cinco colegas e cumulativamente poderão estar ouvindo até oito ou
nove colegas sobre o tema.
GRUPOS DE OPOSIÇÃO
Essa técnica de modo especial é
apropriada para desenvolver a capacidade de argumentar, de debater, e produzir
argumentos, analisar e avaliar argumentação, contrapropor argumentos, defender
ou atacar determinadas posições e teorias, sempre baseando-se em argumentos.
Seu funcionamento supõe a organização
de pelo menos dois grupos de alunos, sendo que um deles tem por tarefa defender
uma ideia ou encontrar as suas vantagens, enquanto o outro deverá atacar a
mesma ideia ou mostrar suas desvantagens. Eventualmente poderá se constituir um
terceiro pequeno grupo que funcione como um grupo de juízes para julgar qual
grupo conseguiu desempenhar melhor seu papel.
O assunto indicado anteriormente foi
estudado por todos individualmente. Num primeiro momento, em aula, cada grupo
se reúne para organizar seus argumentos de acordo com a tarefa que lhe cabe.
Marca-se um tempo para essa atividade: 20 a 30 minutos. Terminado o prazo, o
professor pede que os dois ou três grupos se coloquem na sala de tal forma que
rodos vejam a todos, todos possam se olhar. O professor ocupa o lugar do mediador.
Inicia o debate dando a palavra a um dos grupos e a partir desse momento vale o
diálogo entre os grupos. O professor não deverá entrar na discussão do tema,
mas apenas para dinamizar ou organizar a discussão quando necessário. Durante o
debate, o professor poderá inverter as posições dos grupos. Visando desenvolver
uma agilidade maior de argumentação, poderá pedir que o grupo que ataca uma
posição passe a defendê-la; e o que a defende, passe a atacá-la. A intenção é
ver como os alunos reagem em posições inversas.
Com essa técnica, o professor está
lidando com a competição entre grupos de classe. Será preciso, então, refletir
se isso será ou não prejudicial para a dinâmica da turma, tendo em vista manter
um clima de abertura e de cooperação dentro dela.
PEQUENOS GRUPOS PARA
FORMULAR QUESTÕES
Essa técnica é uma das mais dinâmicas
para ser usada em aula e agrega em si a possibilidade de desenvolver vários
aspectos de aprendizagem: aprofundamento de conhecimentos, compreensão do
assunto, habilidade de trabalhar em grupo, ouvir e dialogar com colegas,
aprender com colegas.
Como funciona? Uma semana antes
indica-se um texto a ser lido para o próximo encontro sobre um assunto que se
está estudando. A leitura, porém, deverá permitir que cada aluno traga para a
aula duas ou três perguntas inteligentes: isto é, perguntas que revelem dúvidas
ou não compreensão do texto, aspectos importantes que se gostaria de ver
estudados com mais profundidade, temas de grande atualidade. É evidente que não
serão aceitas perguntas que se retirem diretamente do texto e cujas respostas
aí se encontrem com facilidade.
No dia da aula, formam-se grupos com
cinco alunos cada um. Durante 15 minutos, o grupo deverá ler, compreender as
dez ou no máximo 15 perguntas e selecionar duas. Estas duas poderão ser dentre
as dez ou 15, ou poderão ser duas novas formuladas pelo grupo usando sugestões
das perguntas que trouxeram de casa. Essas perguntas deverão ser escritas em
uma folha de papel sulfite, com letra legível e com o nome do grupo que as
formulou.
Inicia-se uma de várias rodadas: o
grupo que formulou as duas perguntas, sem as responder, passa-as para o grupo
mais próximo, e assim os demais grupos. Dá-se um tempo de 15 minutos para que o
grupo responda por escrito as duas perguntas que recebeu. Em seguida, as
perguntas respondidas são passadas para outro grupo. Este terá dez minutos
para: ler as perguntas, compreendê-las, ler as respostas que o primeiro grupo
deu e redigir agora sua resposta que poderá ser concorde com a resposta do
primeiro grupo, poderá complementá-la, ou corrigi-la. Tudo isso sem rabiscar a
resposta do primeiro grupo, mas escrevendo na mesma folha, em seguida, passa-se
para um terceiro e, no máximo, para um quarto grupo que farão o mesmo
trabalho, dentro do mesmo tempo. Terminada a rodada, a folha com as perguntas
e as respostas dos três ou quatro grupos é devolvida ao grupo original que as
formulou. Este vai agora analisar as respostas dos grupos e, então, redigir a
sua, que poderá também concordar ou não com as respostas. Por último, em plenário,
cada grupo lê as perguntas e as respostas, permitindo esclarecimentos
possíveis, complementações por parte do professor, debate e até um comentário
do professor sobre a pertinência das perguntas: foram elas de fato
inteligentes? Representaram os aspectos mais importantes do texto e do tema? Se
não, caberá ao professor então mostrar os pontos não trabalhados.
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