sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Utilização do vídeo, CD e DVD na sala de aula (José Manuel Moran


A seguir são apresentadas sugestões de utilização de vídeo, CD e DVD.

Vídeo como produção

§ Como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e dos futuros alunos. O professor deve poder documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo assim como tem os seus livros e apostilas para preparar as suas aulas. O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou aluguel dos mesmos programas.

§ Como intervenção: interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma nova trilha sonora ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados. O professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo assim como ele interfere num texto escrito, modificando-o, acrescentando novos dados, novas interpretações, contextos mais próximos do aluno.

§ Vídeo como expressão, como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e dos jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, levá-la junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos.

Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los.

Vídeo como avaliação

Vídeo espelho. Vejo-me na tela para poder compreender-me, para descobrir meu corpo, meus gestos, meus cacoetes. Vídeo-espelho para análise do grupo e dos papéis de cada um, para acompanhar o comportamento de cada um, do ponto de vista participativo, para incentivar os mais retraídos e pedir aos que falam muito para darem mais espaço aos colegas.

O vídeo-espelho é de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos.

Vídeo como integração/suporte de outras mídias

Vídeo como suporte da televisão e do cinema.

Gravar em vídeo programas importantes da televisão para utilização em aula. Alugar ou comprar filmes de longa metragem, documentários para ampliar o conhecimento de cinema, iniciar os alunos na linguagem audiovisual. Vídeo interagindo com outras mídias como a Internet, o CD- ROM, o DVD, com os videogames, com o telefone e conexões em banda larga. Começamos a perceber a aproximação do computador e da televisão. Começamos a poder ver e ouvir outras pessoas através de conexões de alta velocidade, o que ampliará o conceito de aula, do presencial e do virtual.

Orientações para o uso

Antes da exibição

§ Informar somente aspectos gerais do vídeo, CD ou DVD (autor, duração, prêmios). Não interpretar antes da exibição, não pré-julgar (para que cada um possa fazer a sua leitura).

§ Checar o vídeo antes. Conhecê-lo. Testá-lo. Marcar as cenas mais relevantes.

Durante a exibição

§ Observar as reações dos alunos.

§ Se for longo, fazer alguma pausa, explicando o contexto do que está acontecendo.

Depois da exibição

§ Rever as cenas mais importantes ou difíceis. Se o vídeo é complexo, exibi-lo uma segunda vez, chamando a atenção para determinadas cenas, para a trilha musical, diálogos, situações.

§ Passar quadro a quadro as imagens mais significativas.

§ Observar o som, a música, os efeitos, as frases mais importantes.

Dinâmicas de análise

A partir do trabalho com professores e alunos, apresentamos alguns caminhos - entre muitos possíveis - para a análise do vídeo em classe.

1. Leitura em conjunto

O professor exibe as cenas mais importantes e as comenta junto com os alunos, a partir do que estes destacam ou perguntam. É uma conversa sobre o vídeo, com o professor como moderador. O professor não deve ser o primeiro a dar a sua opinião, principalmente em matérias controvertidas, nem monopolizar a discussão, mas tampouco deve ficar encima do muro. Deve posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o ideal e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e o que costuma ser (modelo real).

2. Leitura globalizante

Fazer, depois da exibição, estas quatro perguntas:

§ Aspectos positivos do vídeo.

§ Aspectos negativos.

§ Idéias principais que passa.

§ O que vocês mudariam neste vídeo.

Se houver tempo, essas perguntas serão respondidas primeiro em grupos menores e depois relatadas/escritas no plenário. O professor e os alunos destacam as coincidências e divergências. O professor faz a síntese final, devolvendo ao grupo as leituras predominantes (onde se expressam valores, que mostram como o grupo é).

3. Leitura concentrada

Escolher, depois da exibição, uma ou das cenas marcantes. Revê-las uma ou mais vezes.

Perguntar (oralmente ou por escrito):

§ O que chama mais a atenção (imagem/som/palavra).

§ O que dizem as cenas (significados).

§ Conseqüências, aplicações (para a nossa vida, para o grupo).

4. Leitura "funcional"

Antes da exibição, escolher algumas funções ou tarefas (desenvolvidas por vários alunos):

§ O contador de cenas (descrição sumária, por um ou mais alunos).

§ Anotar as palavras-chave.

§ Anotar as imagens mais significativas.

§ Caracterização dos personagens.

§ Música e efeitos.

§ Mudanças acontecidas no vídeo (do começo até o final).

Depois da exibição, cada aluno fala e o resultado é colocado no quadro negro. A partir do quadro, o professor completa com os alunos as informações, relaciona os dados, questiona as soluções apresentadas.

5. Análise da linguagem

§ Que estória é contada (reconstrução da estória).

§ Como é contada essa estória.

i. O que lhe chamou a atenção visualmente.

ii. O que destacaria nos diálogos e na música.

§ Que idéias passa claramente o programa (o que diz claramente esta estória).

§ O que contam e representam os personagens.

§ Modelo de sociedade apresentado.

§ Ideologia do programa.

§ Mensagens não questionadas (pressupostos ou hipóteses aceitos de antemão, sem discussão).

§ Valores afirmados e negados pelo programa (como são apresentados a justiça, o trabalho, o amor, o mundo).

§ Como cada participante julga esses valores (concordâncias e discordâncias nos sistemas de valores envolvidos). A partir de onde cada um de nós julga a estória.

6. Completar o vídeo

§ Exibe-se um vídeo até um determinado ponto.

§ Os alunos desenvolvem, em grupos, um final próprio e justificam o porquê da escolha.

§ Exibe-se o final do vídeo.

§ Comparam-se os finais propostos e o professor manifesta também a sua opinião.

7. Modificar o vídeo

§ Os alunos procuram vídeos e outros materiais audiovisuais sobre um determinado assunto.

§ Modificam, adaptam, editam, narram, sonorizam diferentemente. Criam um novo material adaptado a sua realidade, a sua sensibilidade.

8. Vídeo produção

§ Contar em vídeo um determinado assunto.

§ Pesquisa em jornais, revistas, entrevistas com pessoas.

§ Elaboração do roteiro, gravação, edição, sonorização.

§ Exibição em classe e/ou em circuito interno.

§ Comentários positivos e negativos. A diferença entre a intenção e o resultado obtido.

9. Vídeo espelho

§ A câmera registra pessoas ou grupos e depois se observa o resultado com comentários de cada um sobre seu desempenho e sobre o dos outros.

§ O professor olha seu desempenho, comenta e ouve os comentários dos outros.

10. Outras dinâmicas interessantes:

§ Dramatizar situações importantes do vídeo assistido e discuti-las comparativamente. Usar a representação, o teatro como meio de expressão do que o vídeo mostrou, adaptando-o à realidade dos alunos.

Um exemplo: alguns alunos escolhem personagens de um vídeo e os representam adaptando-os a sua realidade. Depois comparam-se os personagens do vídeo e os da representação, a estória do vídeo com a adaptada pelos alunos.

§ Adaptar o vídeo ao grupo: Contar - oralmente, por escrito ou audiovisualmente - situações nossas próximas às mostradas no vídeo.

§ Desenhar uma tela de televisão e colocar o que mais impressionou os alunos. O professor exibe num mural os desenhos e todos comentarão as coincidências principais e o seu significado.

§ Comparar - principalmente em aulas de literatura portuguesa ou estrangeira - um vídeo baseado em uma obra literária com o texto original. Destacar os pontos fortes e fracos do livro e da adaptação audiovisual.

Análise da informação na TV

Um dos campos mais interessantes de utilização do vídeo para compreender a televisão na sala de aula é o da análise da informação, para ajudar professores e alunos a perceber melhor as possibilidades e limites da televisão e do jornal como meio informativo.

O professor pode propor inicialmente algumas questões gerais sobre a informação para serem discutidas em pequenos grupos e depois no plenário.

§ Como eu me informo.

§ Que telejornal prefiro e por que.

§ O que não gosto deste telejornal e gostaria de mudar.

§ Que semelhanças e diferenças percebo nos vários telejornais.

§ Que análise faço dos dois principais jornais impressos. Pode-se fazer uma análise específica de um programa informativo da televisão (por exemplo, do Jornal Nacional) e de dois jornais impressos do dia seguinte. O professor pede a um dos alunos que anote a seqüência das notícias do telejornal e, a outro, que cronometre a duração de cada notícia. Depois da exibição, o professor pede que os alunos se dividam em grupos e que alguns analisem o telejornal e pelo menos dois analisem os jornais impressos (cada grupo um jornal).

Questões para análise do telejornal

§ Que notícias chamaram mais a sua atenção (notícias que sensibilizaram mais, que marcaram mais). Por que.

§ Que notícias são mais importantes para cada um ou para o grupo. Por que.

§ O que considerou positivo nesta edição do telejornal (técnicas, tratamento de algumas matérias, interpretação...).

§ De que discorda neste telejornal (de algumas notícias em particular ou em geral). Questões para análise do jornal impresso

§ Notícias mais importantes para o jornal (quais são as mais importantes da primeira página). Que enfoque é dado?

§ Que notícias coincidem com o telejornal (a coincidência é total ou há diferenças de interpretação?).

§ Que notícias são diferentes do telejornal (notícias que o telejornal anterior não divulgou)?

§ Qual é a opinião do jornal nesse dia (análise dos editoriais, das matérias, que normalmente estão na segunda ou terceira página e não estão assinadas)?

O professor pode reconstruir a seqüência das notícias por escrito na frente do plenário e pede ao cronometrista que anote a duração de cada matéria. Cada grupo coloca no plenário as respostas à primeira questão. O professor procura reconstruir com todos os alunos as notícias mais importantes para a emissora e para o jornal impresso. Vê as coincidências e as discrepâncias. Convém analisar a notícia mais importante com calma, exibindo-a de novo, observando a estrutura, as técnicas utilizadas, as palavras-chave, a interpretação. E assim vão respondendo às outras três questões, sempre confrontando a informação da televisão com a do jornal impresso, observando as omissões mais importantes.

Com esta análise não se chega a uma visão de conjunto, mas se percebe a parcialidade na seleção das notícias, na ênfase dada, na relativização da informação, na espetacularização da televisão como uma das armas importantes para atrair o telespectador.

sábado, 17 de setembro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pais e Professores: Quem Educa e Quem Ensina


Os professores estão sobrecarregados exercendo a função de pais e educadores, tendo que ensinar desde bons modos e respeito até ao conteúdo programado। Pais, professores e gestores precisam dividir responsabilidades na criação de uma relação de trabalho que abrace a aprendizagem e a socialização do aluno. Que devem caminhar juntos para a construção de uma educação, devem ensinar para também aprender.

A escola é sim uma unidade de conhecimento, mas não pode ser a única responsável pelo nivelamento comportamental do aluno। Muitos professores quando se deparam com a realidade da sala de aula se sentem inseguros, incapazes e alguns até desistem da profissão. O professor quando um educador convive com todo o desenvolvimento do aluno, aos que lecionam em séries iniciais participam do crescimento e desenvolvimento das crianças e aos que trabalham com as séries finais estão convivendo com o fluente estado de hormônios em que passam os adolescentes.

O professor é uma fonte de ensino, mas acompanha muitos alunos ao mesmo tempo, e cada um tem suas particularidades, onde os pais fazem ai à diferença. Com certeza ser professor não é somente selecionar conteúdos e aplicá-los, é criar laços com seus educados e se envolver com a profissão, mas é bem aí onde se encontra outro pormenor. Será que para o professor poder exercer sua profissão ele precisa educar o aluno antes? Ele precisa ensinar bons modos e disciplina? São muitos questionamentos em torno dos fazeres destes profissionais. Aqui defendo a idéia de que a relação de aprendizado com os pais tem fundamental importância no despertar para o conhecimento. Ensinando o filho a aprender, ou seja, “Ensinar Aprendendo”.

Augusto Cury, diz: “Prepare seus alunos para explorarem o desconhecido, para não terem medo de falhar, mas medo de não tentar. Ensine-os a conquistar experiências(...).” (Cury 2005, p. 80). Deve haver uma educação para a vida, formar cidadãos de bem, envolver escola, conhecimento e família. Talvez fosse a solução de muitos problemas. Os educadores não podem ter medo dos desafios, eles são mediadores de conhecimento, o seu aprendizado também é constante para se prepararem para os desafios.

Escola e sociedade: Unindo pais e professores, uma possível solução। Ao longo da pesquisa é notável que a idéia de educar e ensinar se resume quase que na mesma coisa, mas também que precisa de uma fusão entre educadores e pais. Necessita de haver esta coperatividade, a idéia de que um ou o outro é o responsável acaba empurrando a situação e adiando a tentativa de encontrar uma solução.

Criar uma relação entre escola e família permitiria que houvesse acompanhamento e participação dos pais no aprendizado e eles com certeza teriam a satisfação de poder ajudar a construir o caráter de seus filhos, pois querendo ou não boa parte dos anos de nossas vidas passa-se na escola, ou seja, é um local de aprendizado que planta sementes que duram pra sempre. Ter uma aliança entre pais e professores é altamente produtivo e eficaz. Ambos devem agir em conjunto.


Referências Bibliográficas:


TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: novos paradigmas da educação. 18 ed.rev. e atual. São Paulo: Integrare Editora, 2006.


TIBA, Içami. Adolescentes: quem ama educa! São Paulo: Integrare Editora, 2005.


CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003.


RIBEIRO, Sílvia Maria; FERROS, Lígia Cristina. A influência do estado depressivo do adolescente face à sexualidade. Revista de ciências de Macaú, Macaú, Vol.5 n° 3, pág. 154 – 158, setembro de 2005. Disponível em: http://www.ssm.gov.mo/design/NEWS/RCSM200503/2005RCSM03_03.PDF. Acesso em: 02 de abril de 2008.


BRASIL ESCOLA. Disponível em: http://www.brasilescola.com/sexualidade/puberdade.htm Acesso em: 10 de abril de 2008.