A seguir são apresentadas sugestões de utilização de vídeo, CD e DVD.
Vídeo como produção
§ Como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, depoimentos. Isto facilita o trabalho do professor, dos alunos e dos futuros alunos. O professor deve poder documentar o que é mais importante para o seu trabalho, ter o seu próprio material de vídeo assim como tem os seus livros e apostilas para preparar as suas aulas. O professor estará atento para gravar o material audiovisual mais utilizado, para não depender sempre do empréstimo ou aluguel dos mesmos programas.
§ Como intervenção: interferir, modificar um determinado programa, um material audiovisual, acrescentando uma nova trilha sonora ou editando o material de forma compacta ou introduzindo novas cenas com novos significados. O professor precisa perder o medo, o respeito ao vídeo assim como ele interfere num texto escrito, modificando-o, acrescentando novos dados, novas interpretações, contextos mais próximos do aluno.
§ Vídeo como expressão, como nova forma de comunicação, adaptada à sensibilidade principalmente das crianças e dos jovens. As crianças adoram fazer vídeo e a escola precisa incentivar o máximo possível a produção de pesquisas em vídeo pelos alunos. A produção em vídeo tem uma dimensão moderna, lúdica. Moderna, como um meio contemporâneo, novo e que integra linguagens. Lúdica, pela miniaturização da câmera, que permite brincar com a realidade, levá-la junto para qualquer lugar. Filmar é uma das experiências mais envolventes tanto para as crianças como para os adultos.
Os alunos podem ser incentivados a produzir dentro de uma determinada matéria, ou dentro de um trabalho interdisciplinar. E também produzir programas informativos, feitos por eles mesmos e colocá-los em lugares visíveis dentro da escola e em horários onde muitas crianças possam assisti-los.
Vídeo como avaliação
Vídeo espelho. Vejo-me na tela para poder compreender-me, para descobrir meu corpo, meus gestos, meus cacoetes. Vídeo-espelho para análise do grupo e dos papéis de cada um, para acompanhar o comportamento de cada um, do ponto de vista participativo, para incentivar os mais retraídos e pedir aos que falam muito para darem mais espaço aos colegas.
O vídeo-espelho é de grande utilidade para o professor se ver, examinar sua comunicação com os alunos, suas qualidades e defeitos.
Vídeo como integração/suporte de outras mídias
Vídeo como suporte da televisão e do cinema.
Gravar em vídeo programas importantes da televisão para utilização
Orientações para o uso
Antes da exibição
§ Informar somente aspectos gerais do vídeo, CD ou DVD (autor, duração, prêmios). Não interpretar antes da exibição, não pré-julgar (para que cada um possa fazer a sua leitura).
§ Checar o vídeo antes. Conhecê-lo. Testá-lo. Marcar as cenas mais relevantes.
Durante a exibição
§ Observar as reações dos alunos.
§ Se for longo, fazer alguma pausa, explicando o contexto do que está acontecendo.
Depois da exibição
§ Rever as cenas mais importantes ou difíceis. Se o vídeo é complexo, exibi-lo uma segunda vez, chamando a atenção para determinadas cenas, para a trilha musical, diálogos, situações.
§ Passar quadro a quadro as imagens mais significativas.
§ Observar o som, a música, os efeitos, as frases mais importantes.
Dinâmicas de análise
A partir do trabalho com professores e alunos, apresentamos alguns caminhos - entre muitos possíveis - para a análise do vídeo em classe.
1. Leitura em conjunto
O professor exibe as cenas mais importantes e as comenta junto com os alunos, a partir do que estes destacam ou perguntam. É uma conversa sobre o vídeo, com o professor como moderador. O professor não deve ser o primeiro a dar a sua opinião, principalmente em matérias controvertidas, nem monopolizar a discussão, mas tampouco deve ficar encima do muro. Deve posicionar-se, depois dos alunos, trabalhando sempre dois planos: o ideal e o real; o que deveria ser (modelo ideal) e o que costuma ser (modelo real).
2. Leitura globalizante
Fazer, depois da exibição, estas quatro perguntas:
§ Aspectos positivos do vídeo.
§ Aspectos negativos.
§ Idéias principais que passa.
§ O que vocês mudariam neste vídeo.
Se houver tempo, essas perguntas serão respondidas primeiro em grupos menores e depois relatadas/escritas no plenário. O professor e os alunos destacam as coincidências e divergências. O professor faz a síntese final, devolvendo ao grupo as leituras predominantes (onde se expressam valores, que mostram como o grupo é).
3. Leitura concentrada
Escolher, depois da exibição, uma ou das cenas marcantes. Revê-las uma ou mais vezes.
Perguntar (oralmente ou por escrito):
§ O que chama mais a atenção (imagem/som/palavra).
§ O que dizem as cenas (significados).
§ Conseqüências, aplicações (para a nossa vida, para o grupo).
4. Leitura "funcional"
Antes da exibição, escolher algumas funções ou tarefas (desenvolvidas por vários alunos):
§ O contador de cenas (descrição sumária, por um ou mais alunos).
§ Anotar as palavras-chave.
§ Anotar as imagens mais significativas.
§ Caracterização dos personagens.
§ Música e efeitos.
§ Mudanças acontecidas no vídeo (do começo até o final).
Depois da exibição, cada aluno fala e o resultado é colocado no quadro negro. A partir do quadro, o professor completa com os alunos as informações, relaciona os dados, questiona as soluções apresentadas.
5. Análise da linguagem
§ Que estória é contada (reconstrução da estória).
§ Como é contada essa estória.
i. O que lhe chamou a atenção visualmente.
ii. O que destacaria nos diálogos e na música.
§ Que idéias passa claramente o programa (o que diz claramente esta estória).
§ O que contam e representam os personagens.
§ Modelo de sociedade apresentado.
§ Ideologia do programa.
§ Mensagens não questionadas (pressupostos ou hipóteses aceitos de antemão, sem discussão).
§ Valores afirmados e negados pelo programa (como são apresentados a justiça, o trabalho, o amor, o mundo).
§ Como cada participante julga esses valores (concordâncias e discordâncias nos sistemas de valores envolvidos). A partir de onde cada um de nós julga a estória.
6. Completar o vídeo
§ Exibe-se um vídeo até um determinado ponto.
§ Os alunos desenvolvem, em grupos, um final próprio e justificam o porquê da escolha.
§ Exibe-se o final do vídeo.
§ Comparam-se os finais propostos e o professor manifesta também a sua opinião.
7. Modificar o vídeo
§ Os alunos procuram vídeos e outros materiais audiovisuais sobre um determinado assunto.
§ Modificam, adaptam, editam, narram, sonorizam diferentemente. Criam um novo material adaptado a sua realidade, a sua sensibilidade.
8. Vídeo produção
§ Contar em vídeo um determinado assunto.
§ Pesquisa em jornais, revistas, entrevistas com pessoas.
§ Elaboração do roteiro, gravação, edição, sonorização.
§ Exibição em classe e/ou em circuito interno.
§ Comentários positivos e negativos. A diferença entre a intenção e o resultado obtido.
9. Vídeo espelho
§ A câmera registra pessoas ou grupos e depois se observa o resultado com comentários de cada um sobre seu desempenho e sobre o dos outros.
§ O professor olha seu desempenho, comenta e ouve os comentários dos outros.
10. Outras dinâmicas interessantes:
§ Dramatizar situações importantes do vídeo assistido e discuti-las comparativamente. Usar a representação, o teatro como meio de expressão do que o vídeo mostrou, adaptando-o à realidade dos alunos.
Um exemplo: alguns alunos escolhem personagens de um vídeo e os representam adaptando-os a sua realidade. Depois comparam-se os personagens do vídeo e os da representação, a estória do vídeo com a adaptada pelos alunos.
§ Adaptar o vídeo ao grupo: Contar - oralmente, por escrito ou audiovisualmente - situações nossas próximas às mostradas no vídeo.
§ Desenhar uma tela de televisão e colocar o que mais impressionou os alunos. O professor exibe num mural os desenhos e todos comentarão as coincidências principais e o seu significado.
§ Comparar - principalmente em aulas de literatura portuguesa ou estrangeira - um vídeo baseado em uma obra literária com o texto original. Destacar os pontos fortes e fracos do livro e da adaptação audiovisual.
Análise da informação na TV
Um dos campos mais interessantes de utilização do vídeo para compreender a televisão na sala de aula é o da análise da informação, para ajudar professores e alunos a perceber melhor as possibilidades e limites da televisão e do jornal como meio informativo.
O professor pode propor inicialmente algumas questões gerais sobre a informação para serem discutidas em pequenos grupos e depois no plenário.
§ Como eu me informo.
§ Que telejornal prefiro e por que.
§ O que não gosto deste telejornal e gostaria de mudar.
§ Que semelhanças e diferenças percebo nos vários telejornais.
§ Que análise faço dos dois principais jornais impressos. Pode-se fazer uma análise específica de um programa informativo da televisão (por exemplo, do Jornal Nacional) e de dois jornais impressos do dia seguinte. O professor pede a um dos alunos que anote a seqüência das notícias do telejornal e, a outro, que cronometre a duração de cada notícia. Depois da exibição, o professor pede que os alunos se dividam em grupos e que alguns analisem o telejornal e pelo menos dois analisem os jornais impressos (cada grupo um jornal).
Questões para análise do telejornal
§ Que notícias chamaram mais a sua atenção (notícias que sensibilizaram mais, que marcaram mais). Por que.
§ Que notícias são mais importantes para cada um ou para o grupo. Por que.
§ O que considerou positivo nesta edição do telejornal (técnicas, tratamento de algumas matérias, interpretação...).
§ De que discorda neste telejornal (de algumas notícias em particular ou em geral). Questões para análise do jornal impresso
§ Notícias mais importantes para o jornal (quais são as mais importantes da primeira página). Que enfoque é dado?
§ Que notícias coincidem com o telejornal (a coincidência é total ou há diferenças de interpretação?).
§ Que notícias são diferentes do telejornal (notícias que o telejornal anterior não divulgou)?
§ Qual é a opinião do jornal nesse dia (análise dos editoriais, das matérias, que normalmente estão na segunda ou terceira página e não estão assinadas)?
O professor pode reconstruir a seqüência das notícias por escrito na frente do plenário e pede ao cronometrista que anote a duração de cada matéria. Cada grupo coloca no plenário as respostas à primeira questão. O professor procura reconstruir com todos os alunos as notícias mais importantes para a emissora e para o jornal impresso. Vê as coincidências e as discrepâncias. Convém analisar a notícia mais importante com calma, exibindo-a de novo, observando a estrutura, as técnicas utilizadas, as palavras-chave, a interpretação. E assim vão respondendo às outras três questões, sempre confrontando a informação da televisão com a do jornal impresso, observando as omissões mais importantes.
Com esta análise não se chega a uma visão de conjunto, mas se percebe a parcialidade na seleção das notícias, na ênfase dada, na relativização da informação, na espetacularização da televisão como uma das armas importantes para atrair o telespectador.